Não precisa de uma ideia para empreender

Startups e a terceirização

Aprendizagem

Neste vídeo de uma das aulas do nosso Curso de Empreendedorismo e Inovação, Francisco Santolo explica o fenômeno Nike Effect e seu impacto na estratégia de terceirização em empresas. Quais são as vantagens e desvantagens desta tendência instalada no mercado para  startups e grandes corporações?

Gerald Davis, autor do livro The Vanishing American Corporation: Navigating the Hazards of a New Economy, introduz o conceito de "Nikefication".

Davis explica que "a Nike foi pioneira ao reconhecer que seu valor agregado estava no design e no marketing, não na montagem" e, por causa disso, "sua estrutura organizacional só é mantida sujeita às tarefas de alto valor agregado". Pelo fato de a "montagem de roupas, e mesmo sneakers de alta tecnologia, não requer mão-de-obra com altos níveis de treinamento especializado a indústria do vestuário está espalhada pelo mundo, freqüentemente em Bangladesh, Vietnã, Paquistão, Haiti, Honduras, e outros países de baixos salários".

A decisão da Nike de terceirizar aquelas atividades não distintivas da sua marca e centrar-se no desenho de produto e marketing, foi em seu momento uma estratégia que gerou um efeito dominó pelo seu sucesso no mercado e se replicou na matriz produtiva e logística de muitas outras grandes companhias, mas ao mesmo tempo, isso se converteu em uma grande oportunidade para pequenos empreendedores que ainda aproveitam na atualidade. Se imaginam o porquê?

Um primeiro fator a ser considerado é que, com tecnologias exponenciais, os métodos de produção estão se tornando cada vez mais baratos e a produção em grande escala não é mais uma condição determinante para a competitividade em termos de custos.

Além disso, os fornecedores com grande capacidade de produção começaram a realizar serviços terceirizados para todos os concorrentes no mesmo setor. Davis comenta em seu livro que "em 1998, a Ingram Micro estava montando computadores para IBM, Compaq, Hewlett-Packard, Apple, e Acer".

Atualmente, Foxconn, uma multinacional taiwanesa de manufatura de equipamentos eletrônicos, fabrica produtos eletrônicos para as principais empresas americanas, canadenses, chinesas, finlandesas e japonesas. Produtos notáveis fabricados pela Foxconn incluem o BlackBerry, iPad, iPhone, iPod, Kindle, Nintendo, aparelhos Nokia, aparelhos Xiaomi, PlayStation, Wii U, Xbox e vários soquetes de CPU. A partir de 2012, as fábricas da Foxconn fabricavam cerca de 40% de todos os produtos eletrônicos de consumo vendidos no mundo inteiro.

Dado este contexto, Francisco explica como a terceirização de serviços representa, hoje, um risco para as grandes corporações e uma grande oportunidade para os empreendedores. O caso de Vizio, que ele relata, é muito ilustrativo.

Vizio é uma empresa americana de capital fechado que projeta e vende televisores e barras de som. A empresa foi fundada em 2002 e está sediada em Irvine, Califórnia, Estados Unidos. A empresa foi fundada pelo empreendedor William Wang. A Vizio é conhecida por vender suas HDTVs a preços mais baixos do que seus concorrentes. Os televisores são a principal categoria de produtos da Vizio, e em 2007 a empresa tornou-se a maior vendedora de TV LCD – por volume – na América do Norte. 

Por um lado, a Vizio terceiriza sua produção e tem a Foxconn como um de seus fornecedores externos, assim como seus principais concorrentes, e informa ter 600 funcionários, ao contrário de seus principais concorrentes que têm de 40 a mais de 200 mil funcionários, como a LG, Samsung, Sony ou Toshiba.

Assim, devido a este fenômeno, qualquer empreendedor pode produzir da mesma forma que uma empresa multinacional, mas sem exigir grandes investimentos ou altos custos estruturais e todos os riscos associados a isso.