A imprensa, os analistas de mercado e os investidores se encontram com o escândalo que tenho antecipado os últimos 4 anos. Acontece no marco do frustrado IPO -oferta pública- da Wework e a montanha russa da Uber na bolsa. 1 + 1 + 1 + 1 = ∞ = Softbank
Tem sido gerada muita confusão, multiplicado o número de artigos quanto isso, e embora o diagnóstico do problema não ser preciso, começa a ressoar uma frase de forma reiterada: "as empresas devem ganhar dinheiro". Intuitivo não? Bom, não no ecossistema de Startup atual.
Os analistas sustentam que o Softbank, principal investidor da WeWork e Uber, deveria ver afetado fortemente seu negócio por suas 'apostas" ruins. Sem compreender com claridade como os Capitalistas de Risco -Venture Capitalists- ganham dinheiro parece natural chegar a essa conclusão.
No seguinte artigo do Blog explico melhor o mecanismo:
https://www.scalabl.com/businessreview/pt/a-trama-oculta-do-atual-ecossistema-empreendedor
Enquanto os analistas apontam o colapso das ações do Softbank o gigante asiático, em câmbio, encontra grandes oportunidades no colapso e o escândalo das suas empresas. Compartilho um exemplo muito claro:
Com a crise, o Softbank comprou 100% da WeWork talvez ao custo dos ativos. Demitiram imediatamente a 2400 pessoas, responsabilizando ao seu fundador, reduzindo os custos fixos e frenando a enorme queda de dinheiro à vista (cash burn). Com essa compra, e seus ativos como colateral, obtiveram novamente nos bancos enorme quantidade de dívida barata.
No mundo de taxas de juros nulas ou negativas e altíssima liquidez, os VCs intermedeiam essa dívida de baixo custo aos empreendedores, que eles mesmos treinam, em um ecossistema que tem construído à medida, ensinando que o melhor caminho é diluir seu capital e levantar rondas sucessivas para atingir o sucesso -venda ou exit- via a escala.
Felizmente, com empresas como a Uber agora públicas e expondo seus números, essa vez a culpa não recairá nos empreendedores, e os esquemas dos VCs, refletidos nas práticas de Silicon Valley -imitadas por centos de países sem compreender – ficarão expostas.
É uma trama que envolve a muitos atores, dentre outros, incubadoras, aceleradoras, universidades, governo, etc.
Será um choque para o mundo empreendedor em uma situação econômica global desafiante, mas afetará em menor medida já que felizmente muitos desses Startups não tem chegado ao mercado -e essa vez não impactará no bolso dos aposentados via os fundos de pensão-.
Será, sim, um forte golpe para o ecossistema tradicional, que faz hoje do dinheiro, as rondas, os pitch e a aprovação dos externos, o único jeito de empreender. Teremos que aprender novamente a fazer negócios sem dinheiro -que é mais poderoso, outorga ao empreendedor capacidade de realizar sua visão e propósito sem perder o controle, está nos livros e é 100% possível-.
Minha ilusão é que a crise que vem leve a uma revisão profunda das práticas atuais e libere aos empreendedores das falácias e trampas que hoje os atrapalham e evitam que gerem real valor de forma sustentável.