Não precisa de uma ideia para empreender

Me converti em nômade digital e facilitador global. Por quê?

por Francisco Santolo

Eu costumava ver as coisas de jeito diferente quando criança e me senti pouco entendido como adolescente, porém de alguma maneira continuei sendo coerente comigo mesmo, explorando, aprendendo e experimentando com meus pensamentos, sentimentos e pontos de vista.

Me converti em nômade digital e facilitador global. Por quê?

Conseguia empatizar fortemente com os outros, inclusive sem entendê-los completamente. Cresci vendo a dor de familiares e amigos. De alguma maneira, podia sentir o mesmo que eles sentiam.

Via dentro desses corações quebrados e me sentia profundamente comovido pelo seu potencial e a sua singularidade, no mesmo momento que visualizava outros cenários possíveis para eles.

Enquanto esta situação se repetia com mais e mais pessoas, me desesperava por tratar de ajudá-las, aconselhá-las ou protegê-las, além de me sentir responsável pelo mundo inteiro. Claro que como criança, tinha capacidades muito limitadas naquele momento, e os resultados, logicamente, apenas traziam uma frustração crescente.

Desde adolescente, me comprometi a abraçar a minha vocação e comecei a tentar conectar às pessoas com o seu potencial, trabalhando na aceitação própria, seu desenvolvimento, acreditando em que podia melhorar as coisas desse jeito. Depois de tanto sofrimento e resultados ineficazes, uma coisa ficava clara:

Eu sabia que era preciso potencializar a minha voz no status quo aceito, para finalmente ser escutado, ser o suficientemente influente como para conseguir um impacto.

Muitos anos de vida corporativa e empreendedora global me ensinaram coisas importantes sobre organizações, hierarquia, incentivos, política, processos, liderança, equipes e como fazer que as coisas aconteçam. Cresci, amadureci e obtive uma melhor perspectiva sobre as pessoas e o funcionamento do mundo.

O que impulsionava o comportamento inexplicável, nocivo e negligente das pessoas uma e outra vez era o medo. Porque o medo, o amor e o desejo, dentro da nossa vulnerabilidade, podem despertar o pior e o melhor de nós.

O mundo que vem armará o indivíduo médio com poderes que nunca antes tínhamos visto ou imaginado. E especialmente, requererá de nós muito mais do que respeito, porém nos apaixonar pela diversidade e vulnerabilidade dos outros, aprender a escutar e nos comunicar, ser empáticos, gerar condições para um futuro incrível no lugar de um terrível.

Tecnologia e ferramentas que somente pertenciam aos governos e corporações se estão democratizando rapidamente ao reduzir seu custo. O futuro exigirá então líderes cada vez mais sensíveis, influentes dentro das comunidades colaborativas e de aprendizagem, humildes, mas corajosos para impulsionar as transformações e tomar conta dos outros.

Para que isso aconteça, precisamos que mais pessoas acreditem em si mesmas, descubram que possuem imenso talento e poder transformador dentro deles, para ter suficiente confiança para começar a viagem de explorar e usar seus dons. Acho que a educação, o autoconhecimento, a aprendizagem dentro de diversas comunidades, o espírito empresarial e o acesso ao mundo são chave para estabelecer essas condições de possibilidade.

Eu estou começando meu terceiro ano como nômade digital e facilitador global de tempo completo, adotando o mundo como o meu lar, além das nacionalidades, religiões, idiomas, culturas, ideologias, escolhendo os humanos por sobre tudo, trabalhando e influindo em mais líderes para que isto aconteça.

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